ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 10-12-2009.

 


Aos dez dias do mês de dezembro do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Pancinha, Luiz Braz, Mauro Zacher, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, Beto Moesch, DJ Cassiá, Elias Vidal, João Carlos Nedel, Luciano Marcantônio, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Manfro, Nelcir Tessaro, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas e Sebastião Melo. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 839714 e 840606/09, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Durante a Sessão, deixou de ser votada a Ata da Décima Sexta Sessão Solene. A seguir, o senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, do senhor Manfred Flöricke, Presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha de Porto Alegre; do Capitão-de-Fragata Ricardo Pereira da Silva, Delegado da Capitania dos Portos de Porto Alegre; do Major-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato, Comandante do Quinto Comando Aéreo Regional; do senhor João Bosco Vaz, Secretário Municipal de Esportes, Recreação e Lazer; do Major Jorge Renato Maia, representando o Comando da Brigada Militar; do senhor Luiz Gustavo Tarragô de Oliveira, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Veleiros do Sul; e do senhor Carlos de Lorenzi, Presidente da Federação Estadual de Vela do Rio Grande do Sul, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Manfred Flöricke, que se pronunciou acerca da história do Clube Veleiros do Sul junto à comunidade porto-alegrense. Na ocasião, o senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, do senhor Nilton Aerts, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Veleiros do Sul. Após, nos termos do artigo 206 do Regimento, o vereador João Antonio Dib manifestou-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta minutos, constatada a existência de quórum. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar do septuagésimo quinto aniversário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Compuseram a Mesa: o vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e o professor Carlos Alexandre Netto, Reitor da UFRGS. Também, o senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, dos senhores João Edgar Schmidt, Luiz Roberto da Silva Macedo, Ângelo Ronaldo Pereira Silva, André Prytoluk, Antônio Padula, Pantelis Varvaki Rados e Gilberto de Oliveira Kloeckner, respectivamente Pró-Reitor de Pesquisa, Pró-Reitor de Planejamento e Administração, Vice-Pró-Reitor de Extensão, Diretor da Rádio Universitária, Diretor da Escola de Administração, Diretor da Faculdade de Odontologia e Vice-Diretor de Administração da UFRGS. Após, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso I, do Regimento, o senhor Presidente concedeu a palavra ao professor Carlos Alexandre Netto, que se pronunciou acerca do septuagésimo quinto aniversário da UFRGS. Em prosseguimento, o senhor Presidente convidou a vereadora Sofia Cavedon a proceder à entrega, ao professor Carlos Alexandre Netto, de diploma relativo à presente homenagem. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se a vereadora Sofia Cavedon. Ainda, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais, ao professor Carlos Alexandre Netto. Às quinze horas e vinte e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Aldacir José Oliboni e João Antonio Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se a vereadora Sofia Cavedon. A seguir, foram apregoadas as Emendas nos 16 e 17, de autoria do vereador Valter Nagelstein, Líder do Governo, ao Projeto de Lei do Executivo nº 018/08 (Processo nº 2086/08). Também, foram apregoados Requerimentos de autoria dos vereadores Valter Nagelstein e Reginaldo Pujol, deferidos pelo senhor Presidente, solicitando, respectivamente, que o Projeto de Lei do Executivo nº 023/09 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 286/08 (Processos nos 3544/09 e 7041/08) fossem incluídos na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Ainda, o vereador Reginaldo Pujol manifestou-se acerca dos trabalhos da presente Sessão. Às quinze horas e quarenta e nove minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo e Toni Proença e secretariados pelo vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após aprovada pela Mesa Diretora, nos termos do artigo 149, parágrafo único, do Regimento, será assinada pela maioria dos seus integrantes.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular de hoje tratará de assunto relativo ao Clube Veleiros do Sul e sua história junto à comunidade porto-alegrense.

Convido para compor a Mesa o Sr. Manfred Flöricke, Presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha de Porto Alegre; o Sr. Capitão de Fragata Ricardo Pereira da Silva, Delegado da Capitania dos Portos de Porto Alegre; o Sr. Major-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato, Comandante do Quinto Comando Aéreo Regional; o Ver. João Bosco Vaz, Secretário Municipal de Esportes, Recreação de Lazer; o Major Jorge Renato Maia, representante do Comando da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul; o Sr. Luiz Gustavo Tarragô de Oliveira, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Veleiros do Sul; e o Sr. Carlos de Lorenzi, Presidente da Federação Estadual de Vela do Rio Grande do Sul.

Prestigiam esta solenidade o Sr. Nilton Aerts, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo do Clube Veleiros do Sul; os senhores membros da comodoria do Clube Veleiros do Sul, representantes da Marinha do Brasil, senhoras e senhores. Temos, também, uma grande presença de Agentes Comunitários de Saúde no dia de hoje.

O Sr. Manfred Flöricke, Presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha de Porto Alegre e representando o Clube Veleiros do Sul, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. MANFRED FLÖRICKE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar, eu quero agradecer o meu amigo, o Ver. João Bosco Vaz, atual Secretário Municipal de Esportes, grande incentivador do esporte, principalmente o de base, e que sempre nos apoiou por ter encaminhado este nosso pedido da Soamar. E agradeço também às Vereadoras e aos Vereadores da nossa Câmara Municipal por aprovar esta nossa solicitação para que fossem apresentadas por nós, soamarinos, a história gloriosa e a trajetória deste grande Clube que é o Veleiros do Sul, em Sessão Ordinária, aqui no plenário da Câmara de Porto Alegre. O Veleiros do Sul, daqui a três dias, completa e comemora os seus 75 anos, com muita alegria e muito sucesso.

A Soamar é uma sociedade formada por personalidades do mundo esportivo, de velejadores, dirigentes de clubes, empresários da indústria e comércio, liberais e políticos que foram agraciados com a medalha “Amigo da Marinha”, medalha essa instituída, em 1972, pelo Almirante Maximiliano da Fonseca, que na sua brilhante carreira militar galgou todos os postos, chegando a Ministro da Marinha. A Soamar é um elo com a Marinha do Brasil, para divulgar sua história, seus feitos e realizações navais e humanitárias, e vice-versa.

Falar do Veleiros do Sul é difícil e fácil ao mesmo tempo. Difícil porque nem sempre as suas navegadas foram em “mar de almirante”, com águas calmas e serenas. Às vezes, enfrentou - e enfrenta - águas turbulentas e mares revoltos, com tempestades e ventos contrários, porém sem nunca perder o leme do rumo traçado na sua bússola magnética.

E é fácil falar devido as suas grandes realizações na área esportiva e social, com eventos nacionais e internacionais, inclusive sediando campeonatos mundiais de vela, sempre com absoluto sucesso e que divulgam muito bem o Clube e a cidade Porto Alegre por sua organização e hospitalidade.

A Escola de Vela Minuano também se destaca na história do Clube por ser a responsável pela formação de novos velejadores que, desde os oito anos, já começam na arte de velejar, seguindo o sucesso nas competições. A Escola já formou muitos velejadores e campões, nomes de destaque no esporte da vela. Eles levam o nome do Veleiros do Sul e de Porto Alegre pelas raias de todo mundo. Não devemos esquecer que o Clube realiza, todos os anos, a Regata Seival, em homenagem aos heroicos farroupilhas. Essa regata é considerada a mais longa do mundo em água doce, com largada em frente ao portão central do Porto, seguindo pelo Guaíba e passando pelo farol de Itapoã em direção à Lagoa dos Patos, contornando as boias das Desertas e da Barba Negra, com chegada em frente ao Clube.

O surgimento do esporte da vela em Porto Alegre é também parte da história da fundação do Veleiros do Sul, que começou na segunda década do século XX. Nessa época, já existiam alguns desportistas, pioneiros apaixonados pelo esporte da vela, que guardavam seus barcos em suas casas e que, a cada fim de semana, levavam os mesmos até o Guaíba, para poder velejar, passear e apreciar o bonito cenário destas águas limpas e claras, com o seu pôr do sol mais bonito do mundo. Esses pioneiros eram chamados de velejadores avulsos de Porto Alegre e se reuniam toda quarta-feira, no Bar Liliput, ali na Av. Otávio Rocha, nº 18, a fim de relatar as velejadas e os passeios que faziam na semana anterior, e também, já para combinar os próximos fins de semana, sempre entre uma e outra rodada de chope, tradição essa que se mantém viva até hoje pelo Grupo dos Cruzeiristas, em suas reuniões nas primeiras quartas-feiras de cada mês.

No começo de 1934, no mês de abril, esse grupo combinou uma competição que seria a primeira regata à vela realizada em Porto Alegre, e que foi um sucesso. Nessa ocasião, chegaram a uma conclusão: deveriam fundar um clube, para deixar os barcos guardados e protegidos junto ao Guaíba, evitando assim perda de tempo com os constantes deslocamentos. Após muitas reuniões, foi decidido pela fundação do clube, um clube voltado especialmente para a prática da vela. A data escolhida foi dia 13 de dezembro, um dia muito especial, pois é o Dia do Marinheiro e, também, do Almirante Tamandaré, Patrono da Marinha do Brasil. E numa homenagem, também, à nossa Marinha, que sempre nos acompanhou e nos acompanha nas atividades do Clube, até hoje, apoiando, seja na fiscalização da segurança, salvatagem dos velejadores, como também na parte administrativa, para o zelo da boa navegação.

Eu gostaria de citar três nomes que foram fundamentais para que este Clube se tornasse um grande clube de vela, formando um patrimônio invejável, situado entre os mais belos e completos clubes do Brasil, com sua infraestrutura voltada à prática do esporte náutico. Sem desmerecer nenhum dos outros Comodoros ou comodorias, que passaram durante o decorrer desses 75 anos, e que sempre tiveram um papel muito importante para o engrandecimento do Clube, seja nas atividades de conservação, ampliação do patrimônio, como construção de pavilhões novos, rampas de acesso, aumento de trapiches, piscinas, novas áreas e melhorias para dar cada vez mais conforto aos seus sócios na prática desse esporte, que é a Vela.

O primeiro nome é o Sr. Leopoldo Geyer, grande incentivador do esporte à Vela e Patrono da Vela Gaúcha. Ele fundou os três clubes náuticos desta Cidade; primeiramente, o Iate Clube Guaíba, que surgia como Associação Esportiva dos Funcionários da Casa Masson, depois transformada em clube náutico; em seguida, o Veleiros do Sul e, posteriormente, o Clube dos Jangadeiros. Ele e seus demais companheiros fundadores do Veleiros do Sul juntaram o dinheiro suficiente para comprar um terreno no bairro Navegantes, à beira do Guaíba. Em março de 1935, surgia o prédio, em madeira, e seu trapiche. Essa sede servia para guarda dos barcos e também como salão de festas para seus associados. A edificação serviu para os seus propósitos por 25 anos, inclusive sobrevivendo às grandes enchentes, como a de 1941.

O segundo nome é do Comodoro Jorge Bertschinger, que tratou de transferir a sede do bairro Navegantes para a Zona Sul de Porto Alegre, pois via que não haveria mais condições e nenhuma possibilidade para continuar ali, pois se tornou impossível para a prática da vela nesse local, que, com os aterros acontecendo para a construção do Cais Marcílio Dias e da Ponte do Guaíba, ficaria muito distante da água. O Comodoro Bertschinger foi à luta até conseguir um terreno, para não dizer um barranco com muitas rochas e pedras, na encosta do morro da Vila Assunção, na Estrada de Contorno, de chão batido, hoje, Av. Guaíba. Com um Projeto muito bem elaborado, começou a ser definida a área para que se tornasse um clube perfeito, pois sua quase totalidade era dentro da água do próprio Guaíba. Foi definido e construído o molhe de proteção; foram feitos todos os enrocamentos de pedras, definindo assim os contornos e dando formas concretas com o aterro hidráulico feito pelas dragas, criando uma área aprazível de aproximadamente 18 hectares.

Após o término das construções dos trapiches, galpões, urbanização completa, plantio de árvores e plantas, o local foi dado como pronto para a sua mudança, e apto para a prática do esporte à vela.

Em 13 de dezembro de 1959, foi inaugurada a nova sede, saindo definitivamente do bairro Navegantes. Portanto, o Veleiros do Sul está completando 50 anos na enseada Cristal neste dia 13 de dezembro.

E o terceiro nome é o do Comodoro Mário Hofmeister, que, com sua influência e trabalho, conseguiu a concessão da Ilha Francisco Manoel, em 1966, localizada a uma distância aproximada de 25 milhas do Veleiros do Sul. Possui uma infraestrutura completa, com um casal de zeladores para manutenção e segurança, com água e luz próprias, com seus quiosques e seu galpão rústico e com seus dois trapiches para receber os barcos dos associados e seus convidados.

Este é um breve relato da história do Veleiros do Sul. Teríamos ainda muito mais para contar, mas isso levaria horas, dias. Acredito que todos já tiveram uma ideia sobre a vida desse Clube que tem uma forte ligação com o Guaíba e com a cidade de Porto Alegre. A Vela é um esporte para toda a vida. Velejar é um estado de espírito, por isso nós, velejadores deste Guaíba, desejamos ao Veleiros do Sul bons ventos e a todo o pano ao futuro para as novas gerações!

Em nome de todos os soamarinos, desejo que esta data venha a se repetir por muitos e muitos anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Convido o Sr. Manfred Flöricke para que retome o seu lugar à Mesa.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, e em nome da Casa.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Manfred Flöricke, Presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha, saudando-o, saúdo todas as autoridades aqui presentes que honram esta Casa neste dia.

Eu quero dizer que tive muita satisfação em ouvi-lo falando de um Clube que representa muito para Porto Alegre, o Veleiros do Sul. E fiquei muito feliz, também, de ouvi-lo ao lado do Dr. Jorge Bertschinger, um dos sócios mais antigos, lá do tempo do Navegantes. Eu também conheci o Veleiros do Sul lá no Navegantes e vejo a glória que ele representa agora, aqui, na Zona Sul.

Quero cumprimentá-los pelo tanto que vocês representam para a cidade de Porto Alegre, pois levam o nome da Cidade para além das fronteiras do Rio Grande, levam muito longe o nome de Porto Alegre - o Presidente me diz, agora, que eu fale em nome de toda a Casa. Realmente, eu me sinto mais honrado ainda, de falar em nome da Casa, dizendo da importância do nosso querido Veleiros do Sul.

Quero dizer, também, que tenho absoluta convicção de que o tempo para as pessoas tem um significado, mas para as entidades tem um outro significado: quanto mais o tempo passa, mais forte elas ficam, mais jovens se tornam. E o nosso Veleiros do Sul cada dia está mais forte, mais brilhante, jovem, mostrando ao mundo Porto Alegre, com as suas regatas, com os velejadores, enfim, com tudo aquilo que produz de bom para a nossa sociedade.

Portanto, nós desejamos que o Veleiros continue com uma grande caminhada nesta longa estrada da vida, e que tenha muito sucesso em tudo aquilo que fizer, porque o sucesso do Veleiros, que serve de cartão-postal para Porto Alegre, será o sucesso de Porto Alegre. Portanto, nós almejamos toda a sorte de felicidade. Saúde e PAZ! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Encerramos esta Tribuna Popular, agradecendo a presença de todos.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h38min.)

 

(O Ver. Sebastião Melo assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 14h40min): Estão reabertos os trabalhos. Registramos novamente a presença do Secretário dos Esportes, João Bosco Vaz. Seja bem-vindo a esta Casa, Vereador. Cumprimento-o pelo seu trabalho.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Já se encontra conosco, e quero receber aqui, muito carinhosamente, o nosso queridíssimo, caríssimo Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Carlos Alexandre Netto; bem-vindo à nossa Casa! (Palmas.)

Quero, não só registrar as presenças, mas pedir que a nossa Relações Públicas os conduza, para que possam ocupar a bancada da direita, o Sr. João Schmidt, Pró-Reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. Luiz Roberto da Silva Macedo, Pró-Reitor de Planejamento e Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. Ângelo Ronaldo Pereira Silva, Vice-Pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. André Prytoluk, Diretor da Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Professor Antônio Padula, Diretor da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. Pantelis Varvaki Rados, Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Sr. Gilberto de Oliveira Kloeckner, Vice-Diretor de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Todos vocês são muito bem-vindos aqui na nossa Casa.

Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Sr. Reitor, para nós, é motivo de muito orgulho receber a nossa Universidade, de tantas contribuições ao nosso Brasil e ao nosso Rio Grande do Sul nesta data. Quero aproveitar para agradecer, Sr. Reitor, porque nós, este ano, contamos muito com a colaboração da Universidade Federal para revisar o nosso Plano Diretor. Antes de ser Vereador e, depois, durante esses nove anos, muito me questionei como, às vezes, os Parlamentos não aproveitam o potencial das suas universidades, e acúmulos enormes de debates, sobretudo. E, que se faça justiça, não foi a revisão sonhada, talvez, mas foi a possível, porque não existe Plano Diretor ideal. Mas muitos dos avanços que nós conquistamos, podem ter certeza, de que a Universidade contribui com isso.

O senhor é muito bem-vindo, Reitor, a palavra é sua.

 

O SR. CARLOS ALEXANDRE NETTO: Boa-tarde, quero saudar o Presidente da Câmara de Vereadores, da Casa dos porto-alegrenses, Ver. Sebastião Melo; saudar os Srs. Vereadores e as Sras Vereadoras, e, de maneira especial, a Verª Sofia Cavedon, propositora deste momento; quero saudar os membros da Administração Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, os Diretores das Unidades Acadêmicas e professores que vêm acompanhar este ato; demais senhoras e senhores. É com grande satisfação que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul participa deste período de Comunicação Temática da Câmara de Vereadores no ano em que completamos 75 anos de fundação.

Patrimônio dos gaúchos, esta instituição de Ensino Superior é uma grande universidade. Composta por mais de 40 mil pessoas, entre servidores, docentes, técnico-administrativos e estudantes, executamos o terceiro orçamento do Estado; a UFRGS é reconhecida pela sua excelência acadêmica. Universidade plena, que oferece cursos em todas as áreas do conhecimento na graduação e pós-graduação, com grupos de pesquisas atuando nas fronteiras do conhecimento e com forte inserção na comunidade através dos projetos sociais e culturais. A Universidade fala de igual para igual com instituições universitárias dos cinco continentes, e tem sua qualidade demonstrada em todas as avaliações nacionais e mesmo internacionais.

São 75 anos de existência marcados pela missão acadêmica e pela contribuição ao desenvolvimento social, econômico, cultural e político do nosso Estado. Em vários momentos, a própria história do Rio Grande do Sul tem na UFRGS um de seus protagonistas. E essa história de desafios e de conquistas, de resistência e de sucesso, é uma obra coletiva. É produto do esforço e da dedicação de todos aqueles que fizeram dessa instituição parte importante de suas vidas. Desde a fundação da Universidade, foram graduados mais de 100 mil estudantes, Sr. Presidente; 24 mil Mestres e Doutores foram titulados e mais de 10 mil servidores, docentes e técnicos aqui investiram suas vidas. Considerados os que hoje fazem o dia a dia da Universidade, são mais de 170 mil pessoas que buscaram na Universidade, e aqui encontraram sua fonte de esperança, de futuro e de satisfação.

Sr. Presidente, Líderes partidários, senhoras e senhores, quero falar-lhes muito brevemente da história da Universidade. Antes mesmo da criação, e fugindo ao padrão de organização universitária da América Latina, nossas centenárias Unidades Isoladas, lideradas pela Escola de Engenharia, já trabalhavam, articulando o ensino, a pesquisa e a extensão.

Ecoando a demanda da sociedade gaúcha pela expansão e modernização do Ensino Superior no Estado, estudantes e intelectuais organizados defendiam a tese da “criação da Universidade do Rio Grande do Sul, com plena autonomia didática a administrativa”. Seus esforços foram recompensados com a fundação da então Universidade de Porto Alegre, em 28 de novembro de 1934, por ato do General Flores da Cunha. A nova instituição reunia a Universidade Técnica, com os cursos de Engenharia, Agronomia e Veterinária; a Faculdade de Medicina, que incluía as Escolas de Farmácia e Odontologia; a Faculdade de Direito, com a sua Escola de Comércio; a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; e o Instituto de Belas Artes. A instalação da Faculdade de Filosofia, que só ocorreria em 1942, marcou um grande momento na construção definitiva do nosso sistema universitário, estimulou iniciativas culturais, científicas e didáticas e, sobretudo, possibilitou a mobilização de organizações de Ensino Superior existentes na época, desempenhando, assim, um importante papel na formação do espírito universitário.

Em 1947, a Universidade passou a ser denominada Universidade do Rio Grande do Sul, a URGS, como até hoje é conhecida, a fim de abrigar institutos do interior do Estado. Já federalizada, em 1950, passou a viver outro importante ciclo. Foi o período da transição entre a Universidade limitada pelos escassos recursos provenientes do Estado e a instituição voltada para o desenvolvimento que a comunidade desejava.

Hoje, ao ocupar posição de destaque no cenário nacional e internacional, a UFRSG continua a ser a Universidade dos porto-alegrenses e dos gaúchos, profundamente enraizada e inserida neste Estado tão importante para a vida republicana do nosso País.

Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estimados colegas e convidados, a Universidade é a instituição do conhecimento. Em todos os seus espaços, se difunde o saber e a cultura acumulados desde o início da humanidade. Também é casa de ciência, esse maravilhoso desafio intelectual de leitura das atividades humanas e da natureza que gera novo conhecimento e que, ao avançar um entendimento, transforma e constrói o mundo. Mais do que uma enorme torre de saber, a Universidade pulsa de forma vibrante, encontra sentido em sua íntima relação com a sociedade, através da qual se reinventa constantemente.

São muitas as contribuições da UFRGS para o desenvolvimento da nossa Cidade e do nosso Estado, e me permito citar aqui alguns exemplos. De grande relevância, a Operação Tatu, realizada pela Faculdade de Agronomia, em parceria com instâncias federais e estaduais e organizações de produtores rurais nos anos 60 e 70, logrou mais do que duplicar a produtividade de soja, trigo, milho e pastagens; seu impacto econômico é estimado em quatro bilhões de reais por ano. A indústria de tecnologia da informação praticamente nasceu na Universidade, com a criação do primeiro modem e das empresas pioneiras e de comunicação de dados e de automação nos laboratórios da Escola de Engenharia nos anos 70. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE -, o primeiro banco interestadual do País e que muito impulsionou a economia dos Estados sulinos, foi concebido nas salas de aula e nos gabinetes da Faculdade de Ciências Econômicas. O Museu de Artes do Rio Grande do Sul foi gestado no Instituto de Belas Artes; o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, paradigma de assistência, pesquisa e gestão em saúde, foi criado na Faculdade de Medicina.

Decana das universidades gaúchas, instituição pública a serviço da sociedade e comprometida com o futuro e a consciência crítica, a UFRGS contribuiu para a implantação das Universidades Federais de Pelotas, Santa Maria, Rio Grande, com formação de quadros para a UniPampa e para a estruturação de todo o Ensino Superior do Estado. Compromisso de nucleação hoje ampliado pela importante e ativa cooperação com as instituições de Ensino Superior confessionais e comunitárias do nosso Estado.

A interação com a sociedade floresce através dos mais de 700 instrumentos de cooperação firmados com o Estado, com o Município de Porto Alegre, com outros Municípios, com empresas públicas e privadas, organizações e órgãos governamentais.

Dos instrumentos assinados com o Município, destaco os protocolos com a Secretaria de Educação e com esta Câmara, através do Instituto de Artes; bem como dois convênios com a Prefeitura Municipal para o desenvolvimento de atividades cartográficas e cadastrais de georeferenciamento, com impacto em todo o Município e outro com a Procempa para a implantação da iniciativa MetroPoa. Além desses, a cooperação diretamente realizada com os nossos acadêmicos, com a Câmara, com Projetos tão importantes quanto o Plano Diretor da cidade de Porto Alegre.

Senhoras e senhores, o Ensino Superior Público vive um momento muito especial. É um momento de forte expansão e ressignificação embasado na certeza de que o Ensino Superior de qualidade é, sim, um dos requisitos fundamentais para o desenvolvimento dos povos e das nações. Necessária e corajosa política levou à concepção e à implantação do Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais, chamado Programa Reuni, que é coordenado pela Secretaria de Ensino Superior do MEC. Desde a adesão, em 2007, a UFRGS pôde ampliar o seu quadro funcional em 88 docentes e 220 técnico-administrativos. No total do Projeto, serão 410 novos docentes e 450 novos servidores técnicos. A Universidade, hoje, aguarda autorização, para a próxima semana, de 158 novas nomeações e concursos.

O apoio financeiro em recursos de custeio e de capital está garantindo importante expansão de sua área física e a qualificação dos espaços acadêmicos. Em consequência, a UFRGS está realizando, senhoras e senhores, Sr. Presidente, a maior expansão da graduação já realizada em sua história: o Concurso Vestibular 2010 oferecerá 4.961 vagas em 86 cursos de graduação. São 405 novas vagas, em novos cursos e em cursos já existentes, resultado do trabalho comprometido e qualificado da comunidade acadêmica e do investimento federal. É a primeira vez que mais de 20% das vagas de ingresso serão disponibilizadas em cursos noturnos, visando à inclusão do estudante trabalhador. Já atingimos a metade da meta de expansão de 30% de novas vagas de ingresso no vestibular, o que significa 1.500 novas oportunidades de futuro, meta estabelecida neste projeto.

Merece destaque, senhoras e senhores, a expansão física projetada para os próximos anos. Somando-se os recursos do Reuni e os projetos apoiados pela Finep, CNPq, Capes e Petrobras, contamos com recursos destinados para construir 90 mil metros quadrados, isso significa aumentar em um terço a área construída da nossa Instituição. Este é, certamente, o maior desafio de nossa gestão, e, para vencê-lo, precisamos mais do que reestruturar o setor de projetos e obras - o que já foi feito -, necessitamos, sim, da compreensão do Executivo e do Legislativo Municipal. A Câmara de Vereadores, através da Comissão de Habitação; as Secretarias Municipais, de Planejamento, de Obras, de Meio Ambiente, de Gestão e de Cultura, entre outras - ao todo são 11 as Secretarias envolvidas -, têm sido parceiras desde o início do ano, que, quando chamadas, comprometeram-se a nos dar a atenção devida e a nos indicar os caminhos para a obtenção das licenças. Em 2009 já foram aprovados cinco Estudos de Viabilidade Urbanística e emitidos mais de 25 licenciamentos. Esse é um recorde que nós devemos celebrar.

Esse lote compreende prédios de salas de aula, prédios de laboratórios, um restaurante universitário, uma nova casa de estudante, a maioria deles no Campus do Vale. Estão aí incluídas as primeiras instalações do Parque Tecnológico da Universidade, parque que permitirá ampliar as ações de inovação e transferência de tecnologia. Além da pesquisa científica básica, realizada nos mais de 600 laboratórios que sustentam o sucesso da pós-graduação, a Universidade vem, há muito, desenvolvendo ações para formar empreendedores e líderes de empresas de base tecnológica. Todas elas têm como foco a formação complementar dos estudantes, como, por exemplo, o Curso e a Maratona de Empreendedorismo, já em sua décima edição.

A Universidade possui cinco Incubadoras, e, através delas, várias empresas foram criadas a partir de projetos de alunos de graduação e de pós-graduação e pelo licenciamento de patentes ou de pesquisa nos Laboratórios da Universidade. Algumas dessas empresas estão hoje estabelecidas no mercado estadual e nacional. Recentemente, foi lançado no mercado de cosméticos um produto desenvolvido com a utilização de conceitos e técnicas de nanotecnologia, a mais avançada tecnologia disponível hoje no mundo, desenvolvido em laboratórios de duas unidades acadêmicas, e envolvendo um estudante de mestrado. Esse exemplo demonstra que é possível, sim, completar o ciclo da inovação: a pesquisa básica, o depósito de patentes - hoje temos 107 patentes depositadas -, o licenciamento da patente e o lançamento do produto.

Com relação à assistência estudantil, a Universidade Federal sabe que não basta receber mais estudantes sem assegurar condições mínimas de permanência com vista à finalização dos cursos. Assim, compatível e complementar com a garantia da excelência acadêmica, a política de assistência aos estudantes carentes, em especial, oferece um conjunto de benefícios indispensáveis à sua permanência na Universidade e êxito no desenvolvimento escolar. Alunos oriundos do interior do Estado e de outras partes do País podem usufruir de um sistema de moradia estudantil que hoje abriga 570 estudantes.

Os cinco restaurantes universitários, destinados prioritariamente ao estudantado, oferece cerca de um milhão e 450 mil refeições por ano. Ações de apoio pedagógico e de acompanhamento psicossocial, bem como o estímulo à participação em eventos acadêmicos e culturais e o desenvolvimento de práticas esportivas, permitirão que a Universidade atue na redução da evasão e da repetência, garantindo, assim, o alcance de níveis satisfatórios de diplomação dos estudantes.

Srs. Vereadores, senhoras e senhores, a expansão da Universidade atinge todas as áreas acadêmicas. De grande relevância, a Pós-Graduação é uma das atividades que confere excelência e liderança à Universidade. Oferecendo 71 Programas de Pós-Graduação: seis, com conceito 7 - o conceito máximo; dez, com conceito 6, também um conceito de excelência; são 8.686 estudantes matriculados em Mestrado e Doutorado.

Em 2008 foram titulados 1.150 Mestres e 560 Doutores. Nos cursos de especialização estão matriculados mais de seis mil estudantes.

O grau de excelência conquistado na pós-graduação é resultado da competência instalada, dos quadros de professores, de docentes, da qualificação dos docentes e dos estudantes, da análise criteriosa da criação e do acompanhamento dos cursos, além do financiamento consistente.

Crescemos também nas atividades de extensão, aquelas que aproximam a Universidade da sociedade, difundindo o conhecimento técnico-científico e cultural, contando com a participação da população, o que permite a atualização da prática acadêmica. A extensão da UFRGS se desenvolve realizando, anualmente, em torno de 1.300 ações, em todas as áreas do conhecimento, que envolve aproximadamente um terço da comunidade universitária.

Os projetos sociais revelam o compromisso de inclusão da universidade pública na sua sociedade e a articulação entre as diversas áreas do reconhecimento.

Nas atividades culturais e de caráter educativo, de extrema importância para a formação do pensamento crítico, de acesso às diversas camadas sociais, temos Projetos como o Unimúsica, a Sala Redenção, com o cinema Universitário; o Uniarte, o Planetário, que é o Planetário da cidade de Porto Alegre; as exposições do Museu Universitário, e, desde abril deste ano, retornamos com os espetáculos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, a nossa OSPA, no Salão de Atos da Universidade.

A Universidade também vem se ocupando daqueles que não podem se deslocar para frequentar os seus cursos nos campi. Com o uso de tecnologia de informação e comunicação, principalmente das ferramentas de Internet, vem investindo fortemente na Educação à Distância, com qualidade.

A política de Educação à Distância da UFRGS trabalha com forte suporte em inovação pedagógica, pelo uso das tecnologias de informação e comunicação, implementa a Educação à Distância num processo de dentro para fora, com os cursos da Universidade Aberta do Brasil, a pró-licenciaturas, a política de formação de professores e a oferta de cursos de especialização.

A Universidade também enfrenta os grandes desafios da Educação brasileira, a partir da visão orgânica defendida pelo Ministério da Educação. O compromisso com o Ensino Básico é expresso na formação de professores, tanto em cursos presenciais como a distância, nas opções de formação continuada e no uso do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - para qualificar esse nível de ensino.

Recentemente, a Universidade decidiu considerar outro grande desafio: o do estabelecimento de um novo campus fora da cidade de Porto Alegre. Esse desafio que partiu da comunidade organizada do Litoral Norte do Estado, região que compreende pelo menos 22 Municípios e se estende desde a divisa de Santa Catarina até o Município de Mostardas. É uma região de peculiaridades próprias e de um enorme potencial de desenvolvimento na área de serviços, turismo e indústria, mas que necessita da qualificação, tanto de pessoas como dos sistemas produtivos. Temos trabalhado fortemente com esses Prefeitos, com os Vereadores e com a comunidade dessa Região. No início deste ano, a ação de um grupo de Prefeitos consultou a Universidade quanto à possibilidade desse oferecimento. E, nesse ambiente propício de expansão do Ensino Superior Público Federal, muitas vozes da comunidade universitária já aderiram ao desafio, que já conta com o apoio político em todas as esferas, bem como com a simpatia do Ministério da Educação.

Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, membros do Executivo, colegas da Universidade, ao festejar 75 anos como uma das instituições republicanas mais pujantes do País, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul é profundamente grata a todos que deram a sua parcela de contribuição ao sucesso desse grande projeto institucional.

Só se constrói uma grande e robusta Universidade onde se pode ensinar, aprender, criar, produzir e exercitar o respeito em um clima de liberdade e de busca de harmonia, tendo por alicerce a força e a dedicação de todos os que nela labutam.

E para celebrar essa construção coletiva e solidária, realizamos, no último dia 3 de dezembro, uma solenidade para homenagear 75 servidores - docentes e técnico- administrativos - que personificam e representam essa trajetória. Ao homenageá-los, simbolizamos nosso abraço e agradecimento a todos os que deram a sua parcela de colaboração para o sucesso da Universidade e àqueles que hoje têm a responsabilidade de viver e de escrever o seu presente.

Além da história e das memórias, a vivência deste aniversário celebra o futuro. E a UFRGS do futuro, aquela que nos cabe diariamente forjar, tem a missão de democratizar o conhecimento, ampliando o acesso de jovens e da sociedade gaúcha em geral ao conhecimento e à cultura como forma de inclusão social e de construção de cidadania. Cultiva valores fundamentais, como a sustentabilidade do planeta, a tolerância e o respeito às diferenças, a cultura da solidariedade e da paz.

A UFRGS do futuro contribui assim para a formação de pessoas conscientes, aqueles que terão a capacidade de construir um mundo melhor, aquele que nós almejamos deixar para os nossos descendentes, aqueles que assumem compromisso social a partir desses valores e da gratidão institucional.

Sr. Presidente, a UFRGS do amanhã também vislumbra sua presença no grande projeto de revitalização do Cais do Porto. A Escola de Administração vem articulando a participação da Universidade nessa grande parceria público-privada de qualificação desse nobre espaço e se dispõe a instalar, em um dos galpões, toda a capacidade de ensino e pesquisa daquela Escola, marcando a presença da Educação a serviço da comunidade.

Outro Projeto, em fase avançada de concepção, é o da criação de Espaços de Desenvolvimento de Criatividade em Ciência, Tecnologia e Inovação para atender crianças e jovens em idade escolar, com atividades a serem desenvolvidas no turno integral ou em turnos complementares. O objetivo, além de criar uma cultura de ciência e inovação para a Cidade, é contribuir para a formação de profissionais criativos e inovadores, com capacidade de desenvolver soluções para os desafios tecnológicos e de inovação em todos os níveis.

Presidente Sebastião Melo, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores que representam o povo de Porto Alegre, agradecemos com satisfação, alegria e emoção esta comunicação temática sobre os 75 anos de atividades da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Este gesto e este momento reafirmam e reconhecem a grandeza da Universidade, o seu papel como Instituição que inclui e constrói cidadania, sempre comprometida com o povo e as demandas da sua cidade, portadora de futuro para todos os que são por ela tocados. Isso aumenta a nossa responsabilidade, enquanto veículos de esperança e agentes de mudança à frente da gestão desta grande Instituição que continuaremos honrando com seriedade, dedicação e integral doação à confiança em nós depositada.

O que nos encoraja e anima é o fato de que a comunidade universitária e a sociedade estão de mãos dadas, unidas a construir uma UFRGS maior e ainda mais forte, cada vez mais vibrante, patrimônio da nossa gente, que nos orgulha e nos dá sentido.

Muito obrigado à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, pelo gesto que em si traz reconhecimento dos porto-alegrenses aos 75 anos de história e de contribuição da UFRGS ao desenvolvimento da Cidade e do Estado.

Tudo faremos para que os próximos anos sejam merecedores de tal reconhecimento. Boa-tarde!

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Pelo pronunciamento do Magnífico Reitor vê-se que o Rio Grande e o Brasil devem muito à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por tudo o que conquistaram.

Quero convidar a Verª Sofia Cavedon para entregar o diploma ao Reitor.

“A Câmara Municipal de Porto Alegre confere o presente diploma à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como homenagem aos seus 75 anos de fundação, construindo cidadania e humanidade, através de seu corpo docente e discente, em diálogo sempre inovador com a Cidade e com o mundo. Porto Alegre, 19 de dezembro de 2009.”

 

(Procede-se à entrega do diploma.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, prezado Reitor Carlos Alexandre Netto, na sua pessoa cumprimento todos os Pró-Reitores, funcionários, professores e alunos aqui presentes, nós queremos dizer que esta Casa é honrada por este momento e esta homenagem, porque uma Cidade que tem uma Universidade como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul é, com certeza, uma Cidade diferenciada, com outro nível de cultura, com outra condição de cidadania e com outra condição de inserção no mundo. Não é à toa que Porto Alegre é a cidade-berço do Fórum Social Mundial, porque o nosso protagonismo, que é puxado por esta Universidade, por esta história, em todas as áreas do conhecimento e da política, nos faz uma Cidade capaz, e cria a obrigação de inovar.

Eu queria fazer um registro importante. A história da Universidade tem alguns grandes momentos, e eu queria chamar a atenção de três grandes posturas: a postura da Universidade no período de repressão, na resistência, na luta pela liberdade de expressão, na luta pela construção do conhecimento livre e inovador, na luta pela democracia. O outro grande momento de resistência da Universidade nos períodos liberais, ou neoliberais, o movimento de privatização do Ensino Superior; uma privatização realizada ao se retirar recursos das universidades públicas, sufocando-as. E um terceiro grande período, que é o período, agora, da expansão. E sobre isso, o Professor Alexandre já contou muito, mas eu queria, deste período da expansão, chamar a atenção para marca da inclusão, Srs. Vereadores, meio polêmica, suada, mas corajosa da Universidade Federal, por ter assumido a questão das cotas na Universidade: as cotas raciais e as cotas públicas, uma marca da ousadia e do reconhecimento da grande dívida social que o povo brasileiro tem com o povo negro, e que o povo brasileiro tem com os nossos jovens, filhos dos trabalhadores, que, com muita dificuldade, vão à Universidade.

Então, é uma Universidade, sim, da produção do conhecimento, e da busca da excelência e da inovação, mas é uma Universidade que tem a marca da humanização, que é para nós o grande sonho e a tarefa da Educação.

Eu quero já encaminhar a minha fala, possibilitando os apartes, lembrando, Professores, não da minha história na Universidade, onde fui muito feliz e onde, digamos, dei um salto na construção da minha humanidade, como aluna e como moradora da Casa da Estudante, feminina, que hoje é mista, da Rua São Manoel, a Casa da UFRGS. Mas eu quero lembrar de um grande momento, quando José Saramago, grande escritor, recebia o prêmio Honoris Causa, na UFRGS, e ele, com uma estatueta do Xico Stockinger na mão, uma estatueta da série Gabirus, do povo Gabirus - que é um pouco história, um pouco lenda, mas uma história real sobre a qual o Carlos Nejar também escreveu, sobre um povo tão empobrecido, tão empobrecido, que era deformado. E o nosso Xico fez uma série de estatuetas, mostrando o que acontece com o ser humano, quando ele é submetido à miséria -; e Saramago dizia, ao receber o Título, que o ser humano podia ser muito maior do que ele era, porque o ser humano ainda vivia a violência, a miséria, a falta de ética, a falta da possibilidade da cidadania plena, e dizia que a Universidade tinha esse papel de nos fazer maiores, mais altos e tão grandes quanto o ser humano pode ser. Então, é isto que celebramos, Professor Carlos Alexandre, e toda comunidade da UFRGS: o papel de humanização e de libertação que esta Universidade faz neste Estado e no mundo.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, é muito boa a sua lembrança de trazer, aqui, a nossa UFRGS, excelente! Então, gostaria de saudar o nosso Magnífico Reitor, Professor Carlos Alexandre, e toda a sua Direção, todos os alunos, porque eu me incluo nesses que estiveram nos bancos da UFRGS. Eu e a minha turma, a ATM-79. Neste ano completamos 30 anos de formatura nesta Universidade. E, com certeza, nós éramos jovens, adolescentes que passamos pela metamorfose da vida adulta e do conhecimento, e, assim como nós, milhares e milhares de pessoas. Quero deixar a saudação, não só do PMDB, mas de toda a comunidade que lá frequentou, e o reconhecimento de toda a sociedade gaúcha, brasileira e até mundial.

 

O Sr. Aldacir José Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre colega Verª Sofia, também quero me somar à sua manifestação, e parabenizá-la pelo seu pronunciamento, e dizer que, com muita alegria, Reitor Carlos Alexandre Netto, nós ficamos aqui imaginando que, no passado, nós, jovens, saímos do Interior para vir para a Cidade grande para fazer a Universidade. Hoje, a Universidade vai para o Interior, como aconteceu, agora, recentemente, com a Universidade do Pampa, como está acontecendo aqui em Tramandaí, como está acontecendo com o programa de expansão do Governo Federal.

Claro que, com isso, nós só temos que agradecer e parabenizá-lo, Sr. Reitor. Que a Universidade tenha vida longa para muito mais cursos oferecer a esses jovens empreendedores, porque isso proporcionará um futuro brilhante, com certeza, ao nosso País a cargo dos educadores. Parabéns. (Palmas.)

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, eu até tinha me inscrito para falar em tempo de Liderança, mas eu acho que o mais apropriado até, é estar aqui, em primeiro lugar, para trazer um abraço a V. Exª, e cumprimentá-la por esta iniciativa. Trago também um abraço ao Reitor Carlos Alexandre, aos Pró-Reitores, aos demais professores, muitos deles meus amigos de bastante e razoável data, e lhes dizer da importância que é estar aqui. Falar da UFRGS, por um lado, é bastante fácil, até porque é a UFRGS - a Universidade Federal do Rio Grande do Sul -, reconhecida e valorizada não apenas aqui no País, mas também em outras sociedades. Por outro lado, falar da UFRGS - e aí que eu também entendi que é um pouco difícil ir à tribuna - também é muito difícil, exatamente em razão de tudo o que a UFRGS representa para a sociedade gaúcha e brasileira. A UFRGS representa, está na mente, e é o sonho da esmagadora maioria das meninas e dos meninos lúcidos. Quem de nós não sonha estar, um dia, estudando na UFRGS, ser da UFRGS, ser aprovado na UFRGS ou ser um profissional da UFRGS? Para concluir, meu caro Presidente, eu gostaria de registrar mais um detalhe: desde o primeiro momento em que professores da UFRGS estiveram aqui conversando comigo, fui o Relator do tema sobre o Centro e do Cais do Porto, no Plano Diretor, quando se apresentou, inicialmente, a ideia de a UFRGS ir para o Cais do Porto, em todas as reuniões que promovi, eu levei a mensagem dizendo da importância que seria esse gesto para o sucesso não só do empreendimento, mas o sucesso do nosso Centro de Porto Alegre, o melhoramento da Cidade e do Centro. Logo após, também estiveram me procurando outros professores da UFRGS, conversando sobre a ideia da juventude, e, aliás, já tinha apresentado uma proposta um pouco antes. Então, na verdade, há a conjugação desses esforços. A cidade de Porto Alegre, a gente de Porto Alegre, a meninada de Porto Alegre, o nosso jovem de Porto Alegre, e nós, enquanto Poder constituído, pensando a Cidade, sabemos que a UFRGS é um dos grandes exponenciais que Porto Alegre tem. Parabéns pelos 75 anos! Longa vida à UFRGS, que dá longa vida aos sonhos de todo o cidadão gaúcho. Um abraço. Obrigado. (Palmas.)

 

O Sr. Toni Proença: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Magnífico Reitor, quero cumprimentar a Universidade Federal pelos seus 75 anos. Peço-lhe que leve a todos os seus colaboradores, professores e alunos o nosso abraço.

Quero saudar a Verª Sofia Cavedon pela iniciativa e pela felicidade em definir, talvez, a importância da Universidade na lembrança da homenagem a Saramago. A Universidade talvez seja isso mesmo, Verª Sofia: a instituição capaz de corrigir as deformações do povo e da sociedade. Parabéns. (Palmas.)

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia Cavedon, quero cumprimentá-la pelas palavras dirigidas ao Magnífico Reitor da UFRGS, que, quando do Plano Diretor, prontamente se colocou à disposição da Câmara para nos auxiliar - e nos auxiliou muito.

Sem dúvida nenhuma, o aluno mais antigo da UFRGS neste Plenário sou eu mesmo, com 53 anos de formado - e, antes, ainda estudei um ano na Faculdade de Química.

Mas eu quero lembrar um aluno extraordinário da UFRGS, e que foi Prefeito desta Cidade: José Loureiro da Silva, que, há 70 anos, disse que o campus da Universidade deveria ser lá onde se encontra hoje. Eu não posso esquecer dessa figura extraordinária que cursou a Faculdade de Direito. Quando quiseram fazer com que o campus entrasse no Parque da Redenção, ele disse: “Não, o lugar certo é ao lado da Agronomia”. A UFRGS seguiu o conselho daquele Prefeito extraordinário, e o campus está lá.

Eu espero que a UFRGS continue crescendo. Cumprimento todos os professores da UFRGS, porque, realmente, são um orgulho para todos nós. A UFRGS é um modelo para muitas coisas, fora do Rio Grande do Sul, no Brasil inteiro. Saúde e PAZ! E muito sucesso! (Palmas.)

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, com muita tranquilidade, eu me valho da sua gentileza para lhe oferecer um aparte, em nome do Democratas, que começa por saudar o nosso magnífico Reitor, que, hoje, de forma pálida, recebe a nossa retribuição àquela acolhida amigável que nos fez lá na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fato este já lembrado pelo Ver. João Antonio Dib como Presidente da Comissão Especial da Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental da Cidade.

Mas eu digo que tenho a maior serenidade, porque eu não tenho no meu currículo a condição de ex-aluno da Universidade Federal. Optei, nos idos de 60 - e lá se vão 50 anos -, por fazer o vestibular da Pontifícia Universidade Católica, onde me graduei na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, da qual eu tenho muito orgulho. Mas ouvindo V. Exª, Vereadora, que é marcadamente uma das inteligências da Casa, em que pesem as nossas manifestas divergências ideológicas, eu me senti até intimado a comparecer à tribuna para saudar o ilustre Reitor e os seus companheiros aqui presentes. E saúdo todo o quadro docente e discente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, porque, tenhamos nós a visão política que tivermos, todos nós concluímos que, efetivamente, a Universidade é o laboratório das ideias sociais do seu tempo.

Eu acho que o histórico Flores da Cunha, quando reuniu as faculdades isoladas e criou a Universidade Porto-Alegrense - parece que este era o nome inicial -, geradora e precursora da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tinha essa mesma ideia. Liberal como eu, já entendia esse fato. Por isso, meu caro Reitor, com a maior alegria, quero cumprimentá-lo, até porque acho que o senhor demonstra que é muito possível manter as tradições renovando. O senhor não fere as tradições dos grandes Reitores da Universidade, mas renova no estilo e o consagra no seu trabalho. Meus cumprimentos ao senhor, aos seus companheiros, e à nossa URGS, porque o “Federal” veio depois. Muito bem! (Palmas.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Pujol.

A mim cumpre apenas agradecer, agradecer e agradecer a toda a comunidade escolar que constrói e que continua mantendo essa história linda, e que é, talvez, depois da nossa gente, o maior patrimônio que a cidade de Porto Alegre tem. Obrigada. Parabéns, mais uma vez! (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Passo a palavra ao Sr. Reitor, para as considerações finais.

 

O SR. CARLOS ALEXANDRE NETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, Verª Sofia Cavedon, de fato é muito emocionante ouvir tantas palavras elogiosas de reconhecimento ao trabalho da nossa Universidade.

Acho que já tive oportunidade de falar bastante sobre o que estamos fazendo e sobre o que pensamos, e quero deixar aqui uma mensagem que é o nosso compromisso: “Enquanto gestão - e estamos todos aqui - sabemos que só construímos, só podemos trabalhar e só podemos crescer apoiados sobre os ombros e o trabalho daqueles que nos antecederam”. Nós vamos fazer a nossa parte, vamos escrever a história do presente e do futuro da Universidade, enquanto nos couber a responsabilidade, e vamos deixar como patrimônio esta contribuição àqueles que irão nos suceder. Nós passaremos, mas a Universidade continuará para todo o sempre. Muito obrigado pela homenagem. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Sr. Reitor, quero me somar às manifestações de todas as Bancadas e dizer que, para nós, também é motivo de muito orgulho. Eu cheguei a esta Casa em 2000, estou no terceiro mandato, e posso dizer, com toda a tranquilidade de quem preside a Casa pelo segundo ano, que esta Casa tem trabalhado muito por esta Cidade, assim como a Universidade. Eu acho que nessas parcerias que temos realizado, o grande vitorioso disso, é o povo de Porto Alegre.

De uma visita que lhe fizemos em janeiro, lá na Reitoria, me lembro muito bem quando o senhor disse: “Nós estamos tendo dificuldades - não fez críticas a ninguém - nas tramitações dos nossos processos para liberar, legalizar e expandir a Universidade”. Eu voltei a esta Casa, convidei todos os Líderes de Bancada para uma reunião especial e, de imediato, construímos uma reunião com todas as áreas do Governo envolvidas. Quando o senhor aqui de várias coisas falou, disse que tem que comemorar, porque muitas liberações já aconteceram, eu acho que a Câmara faz aquilo que eu acho o mais importante no Parlamento, que, antes de fazer leis, é mediar as relações da sociedade civil com os poderes local, estadual e federal.

Quero mais uma vez dizer: nós revisamos o Plano Diretor, mas muitas pendências continuam. Muitas pendências! A nossa Cidade precisa de um Plano Diretor, de uma orla no Guaíba, e acho que a Universidade pode ser muito parceira nisso. A nossa Cidade precisa ter um olhar mais metropolitano, Reitor. Não há como enfrentar temas comuns se não for de forma compartilhada. Eu não vou melhorar o trânsito, a Saúde, a Educação, a Habitação, o tratamento do esgoto, o destino final do lixo, pensando só em Porto Alegre; eu tenho de pensar em Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí. A nossa Cidade precisa pensar no seu desenvolvimento econômico, porque fomos uma Cidade que tivemos um veio industrial e, hoje, 80% da sua questão econômica é serviço. E a Universidade aponta e nos direciona à inovação tecnológica, que é o caminho de qualquer cidade que queira se desenvolver.

Então, tenha a certeza de que a sua vinda aqui - e digo a sua vinda no sentido de toda a Universidade -, com esse seu magnífico pronunciamento, realça ainda mais as relações que esta Casa já tinha com a UFRGS, e que passam a sair mais fortalecidas.

Portanto, quero convidar o senhor e todos os demais parceiros para, aqui, tirar uma foto com os Vereadores, para ficar na história desta Casa, na história desta Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h26min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 15h30min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; colegas Vereadores e Vereadoras, trabalhadores da área da Saúde, do Programa de Saúde da Família, aqui presentes, ansiosos; eu uso a tribuna, neste momento, em nome do Partido dos Trabalhadores, para fazer um apelo, Ver. Pujol. Nós sabemos do enorme compromisso que temos, enquanto Câmara Municipal, para sinalizar à sociedade que a Saúde é prioritária em Porto Alegre. E não é diferente para nós, porque depois de muito tempo - prometido por alguns órgãos governamentais e até mesmo pelo Ministério Público, através do TAC feito há quase dois anos -, esse Projeto sobre o Programa de Saúde da Família deveria ser votado. Durante todo esse tempo, nós ouvimos muitas justificativas e nenhuma nos convenceu de que o Programa de Saúde da Família não deveria ser regularizado.

Nesse período, diversas empresas passaram administrando esse convênio, inclusive algumas delas com sérios problemas, sendo investigadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União, inclusive muitos PSFs hoje estão sendo visitados por esses profissionais, o que acaba expondo alguns trabalhadores pela má gestão, eu diria, pela falta de gestão do atual Governo. Nem por isso a Câmara Municipal de Porto Alegre tem que se eximir de sua responsabilidade, uma vez que a Câmara, através do Ver. Sebastião Melo - a quem louvamos, até -, recentemente, numa reunião, até para que os funcionários da Saúde fiquem sabendo, assumiu um compromisso com o Ministério Público para que esse Projeto fosse votado neste ano, e por isso foi determinado que, após a votação do Plano Diretor, se daria prioridade a esse Projeto, cuja votação, embora anunciada, não ocorreu nem segunda, nem quarta-feira, mas foi priorizada para hoje.

De hoje nós não podemos escapar, colegas Vereadores! Hoje é o dia em que nós temos que decidir! Decidir pelo Substitutivo apresentado pela Bancada do PT em nome das entidades ou pelo Projeto original apresentado pelo Governo. Nós sabemos, e vamos discorrer sobre isso ao longo deste debate, sobre as diferenças que há entre os dois Projetos de Lei: o Substitutivo, que cria, na verdade, em vez de um novo departamento, uma nova coordenação, e transfere para, em vez de um regime celetista, um estatutário, como também no projeto original do Governo, que, embora determine o regime celetista, tem 13 ou 15 Emendas apresentadas pelo conjunto dos Vereadores desta Casa.

Nós nos propomos, inclusive, como Bancada do PT, a fazer negociações durante a tarde, para que, se não aprovadas todas, seja aprovado ao menos um conjunto ou parte das Emendas. Mas que seja hoje votado e regularizado o Programa do PSF, porque, logo ali adiante, na semana que vem, antes de terminar o ano, não exime a Câmara de votar a prorrogação do contrato que está aqui tramitando na Casa. Mas responsabiliza o Governo que, num período de transição, passa a absorver esse novo Projeto de Lei, inclusive protocolado, encaminhado por ele, com inúmeras modificações que devem ser feitas. Eu poderia discorrer aqui inúmeras delas, como, por exemplo, o descaso do Governo em ainda deixar constar no contracheque, a função de estagiário. Isso é deprimente! Os agentes comunitários merecem mais dignidade, como todos os profissionais do Programa de Saúde da Família: os técnicos de enfermagem, os enfermeiros, os médicos.

Portanto, Ver. João Antonio Dib, apresentamos inúmeras Emendas que V. Exª vai acompanhar e discorrer sobre elas, e irá perceber que ninguém perde salário, que ninguém vai ter seu salário rebaixado. Precisamos é da vontade política do Governo, através do seu Líder, de dizer claramente: vamos votar. Agora, se perdermos ou não é outra questão, mas, ao menos, que os profissionais da Saúde levem para casa a decisão da Câmara de Vereadores, que é unânime, e deverá ser estabelecida e cumprida pela atual gestão, porque esta é uma Casa que tem que ser respeitada. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, há 61 anos, na data de hoje, a Organização das Nações Unidas promulgava a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Eu não sou adepto à Declaração Universal dos Direitos Humanos, porque estou cheio de discursos que dão direito à humanidade inteira, mas eu não encontro alguém que tenha o dever de realizar esse discurso. É muito fácil ocupar uma tribuna e dizer: “os senhores têm direito”, mas não faço nada que me custe alguma coisa para assegurar aquele direito. Portanto, eu preferiria que o mundo tivesse não a Carta Universal dos Direitos Humanos, mas, sim, a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Esta Declaração foi assinada por 17 países americanos, sete meses antes da Carta Universal dos Direitos Humanos. Eu vou ler alguns trechos do preâmbulo desta Declaração (Lê.): “O cumprimento do dever [e o dever é que é importante] de cada um é exigência do direito de todos. Diretos e deveres integram-se correlativamente em toda a atividade social e política do homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade. Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de ordem moral [e eu quero salientar bem: ordem moral], que apoiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam”. E diz adiante (Lê.): “E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre manifestação da cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios” - da moral. Está escrito na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem.

Se os direitos e os deveres do homem fossem respeitados, especialmente os deveres, eu tenho a absoluta convicção de que o Sr. José Sarney, um dos responsáveis pela corrupção neste País, não escreveria o que escreveu impunemente no jornal Folha de São Paulo, no dia 4 deste mês, com o título “A Pandemia da Corrupção”. Escreve esse homem, que de correto não tem nada (Lê.): “Ultimamente, os escândalos de corrupção têm marcado a vida pública brasileira. São episódios vergonhosos, que denigrem cada vez mais os políticos. Se a corrupção é um câncer para a sociedade, muito mais quando se trata da corrupção política, definida como ‘o uso ilegal do poder político e financeiro com o objetivo de transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para indivíduos ou grupos” - que é o caso dele, indivíduos e também grupos. Eu quero lembrar que eu li aqui “visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre manifestação da cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios”. Se todo o Congresso Nacional acatasse os princípios de moral, nós teríamos um país maravilhoso, e não aquele Congresso que nos envergonha perante o mundo, não o Congresso do Sr. José Sarney, do Renan Calheiros ou de tantos outros que lá estão. O dever é a coisa mais importante.

Deus criou o mundo em seis dias, descansou no sétimo. Primeiro, trabalhou; depois adquiriu o direito de descansar. Cada um de nós tem que trabalhar um mês para ter direito ao salário, tem que trabalhar um ano para ter direito a férias. Portanto, o dever vem em primeiro lugar. Se todos no mundo cumprissem o dever nos lugares onde estão, assumissem as suas responsabilidades integralmente, ninguém teria que reclamar direitos, pois todos os direitos estariam assegurados. Não adianta fazer discursos em tribunas, dizendo que tem direito a maiores salários, a mais benefícios, pois, na realidade, quando toca a se fazer com que sejam realidade esses direitos, pouco esforço é feito. Portanto, eu gostaria que hoje fosse o dia dos deveres humanos, pois aí nós teríamos um mundo melhor e até paz nós teríamos! Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, caríssimas e caríssimos Agentes Comunitários de Saúde e trabalhadores do Programa Saúde da Família; Ver. Dib, há, sim, responsáveis por cumprir os direitos humanos desses trabalhadores e é o Governo Municipal. Nós não temos dificuldade em identificá-los, porque há recursos federais para o Programa Saúde da Família, o Programa Saúde da Família, em Porto Alegre, está totalmente municipalizado, a Prefeitura de Porto Alegre só tem que fazer uma gestão menos desastrosa do que está fazendo. Há dois anos, a Prefeitura optou por terminar o convênio com a FAURGS.

Há pouco, aqui, comemorávamos os 75 anos de uma Universidade séria, e que prestou pela sua Fundação, um excelente trabalho. Pelo menos, nós tínhamos Agentes Comunitários de Saúde com a sua vida profissional, considerados trabalhadores, com carteira assinada, contando tempo de serviço, ganhando vale-refeição, como qualquer trabalhador tem direito. (Palmas.) E a Prefeitura de Porto Alegre optou por fazer uma transição - desastrosa -, o que ela mesma reconhece. Passaram-se dois anos, e ela teve que cancelar o contrato com o Sollus.

O Sollus, que para os demais trabalhadores, sem ser os Agentes Comunitários, fez pressão, trabalhou com assédio moral, desviou recursos públicos, foram mais de cinco milhões de reais não explicados, não buscados e não tendo um responsável, até agora, por isso. E, nesse mesmo tempo, os Agentes Comunitários foram transformados em estagiários. Estagiários! (Palmas.) Eu dizia isso de manhã, não estou dizendo agora, porque vocês estão aqui, porque nós, pela manhã, discutimos isso na Pauta. Homens e mulheres, chefes de família, que já tinham trabalho há muitos anos na Saúde de Porto Alegre, foram transformados em estagiários, numa situação precária, numa situação de contrato temporário, prorrogado por uma vez, por mais uma vez, e, agora, querem prorrogar outra vez! Numa condição não digna por um trabalho tão sério e permanente, que até a Emenda Constitucional já os reconheceu e já garantiu que eles têm que entrar para o serviço público pela porta da frente, considerados pelo País como estratégicos, como atenção básica da Saúde, que não pode estar terceirizada.

Ora, daquela crise da Sollus, há dois anos, nasceu um TAC, da luta dos trabalhadores que fizeram passeata, que lotaram esta Câmara várias vezes, que pressionaram, que queriam participar do novo convênio, e que não foram ouvidos. Três Ministérios Públicos assinaram com a Prefeitura, com todos os Secretários da Prefeitura um Termo de Ajuste de Conduta. E esse Termo dizia que, em seguida, no início do ano passado, tinha que ter aqui um Projeto de Lei, e que tinha que ser votado. E esse Projeto está engavetado, sim, pelo Governo, todo este tempo! Está engavetado pelo Governo, pelos seus representantes aqui! É um Projeto que não tem acordo total nesta Casa, mas que devia ter sofrido modificações. Nós apresentamos Substitutivo, nós estamos dispostos a discutir, a emendar, mas precisamos, de vez, dar uma estabilidade, uma regra, uma inclusão digna, estável, com salário digno, com condições dignas ao conjunto dos trabalhadores do PSF. Por isso o tensionamento, por isso a presença dos Agentes Comunitários aqui.

Para nós seria muito fácil renovar o contrato temporário; nos dá menos trabalho, mas nós não queremos isso, nós não queremos que essa condição continue. O apelo que nós fazemos aqui, em tempo de oposição, é que o conjunto da Casa se debruce sobre o assunto para resolver, para votar, para aprovar, Ver. Oliboni - que tanto tem-se dedicado a este tema.

Nós estamos, neste momento, fazendo este preâmbulo, senhoras e senhores, porque combinamos que, às 16h, faríamos a Sessão. Então, como alguns Vereadores não se encontram aqui, encontram-se em outros compromissos, este preâmbulo tem o sentido - eu gostaria de que as demais Lideranças viessem para cá - de nós adiantarmos o debate, de nós entrarmos em entendimento com todas as Bancadas. Nós já sabemos que o Governo não sinaliza que quer votar, mas a Casa tem que responder ao conjunto dos trabalhadores. Os trabalhadores não são ouvidos pelo Governo Municipal. Para que serve o Legislativo Municipal senão para abrir espaços, ouvir e encaminhar com autonomia, com independência e dizer ao Executivo que ele está errado, submetendo esses trabalhadores, todo esse tempo, a essa condição que não é digna?

Votemos, então, e mostremos que aqui há representantes do povo que escutam o que o povo está dizendo, porque não só os Agentes, não só os técnicos, não só as enfermeiras ou os médicos que estão pedindo; também as comunidades atendidas pelo PSF que estão pedindo...

 

(Manifestações nas galerias.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON:... valorização e estabilidade do Programa de Saúde da Família. Obrigada pela presença de vocês! Nós vamos tentar efetivar, Ver. Dib, os direitos humanos dos Agentes Comunitários de Saúde, hoje! (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Apregoo a Emenda Supressiva nº 16, de autoria do Ver. Valter Nagelstein, ao PLE nº 018/08 (Lê.): “Suprime o § 2º do art. 12 do presente Projeto de Lei do Executivo, renomeando o §1º, que passa a ser Parágrafo Único”.

Apregoo a Emenda nº 17, de autoria do Ver. Valter Nagelstein, ao PLE nº 018/08 (Lê.): “Altera o Projeto de Lei nº 2086/2008 (PLE nº 018/08), que dispõe sobre a criação e organização, no âmbito do Município de Porto Alegre, do Departamento de Saúde da Família - DPSF, e dá outras providências”.

Apregoo o Requerimento, de autoria do Ver. Valter Nagelstein, solicitando que seja incluído na Ordem do Dia, por força do art. 81 da LOM, o PLE nº 023/09.

Apregoo o Requerimento, de autoria do Reginaldo Pujol, solicitando que seja incluído na Ordem do Dia, por força do art. 81 da LOM, o PLL nº 286/08.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu agora me apercebi de que, nesta Sessão, não há condição de ter Ordem do Dia, pelo Regimento. Nós temos que encerrá-la para, como foi anunciado anteriormente, às 16h, iniciarmos a Sessão Extraordinária, com o objetivo de enfrentar as matérias previstas na combinação anterior, correto?

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): E é o que eu vou fazer imediatamente. Dou por encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para 42ª Sessão Extraordinária.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h49min.)

 

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